quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A brasilidade das trufas

Por Lorena Novas

Francês, mas de coração baiano, o chef bretão Marc Le Dantec vai mostrar na tarde do último dia do Bahia Gourmet 2009, 29 de agosto, um pouco da tradição das trufas negras e brancas. Sempre simpático, o artista das receitas francesas que está há nove anos no Brasil falou um pouquinho por e-mail ao Blog Bahia Gourmet sobre estas joias da natureza e a relação delas com a nossa tão falada brasilidade.


BAHIA GOURMET: Como os chefs brasileiros estão utilizando as trufas?
MARC LE DANTEC: Aqui no Brasil, infelizmente, a trufa é pouco difundida. Em primeiro lugar, por causa do preço. Em segundo lugar, por causa dos fortes "genes" da cozinha brasileira, que antes da sua mudança recente proporcionada pela realização de eventos como Bahia Gourmet e o Paladas, responsáveis por trazer equilíbrio entre tradição e inovação, dificilmente se identificava com um produto tão exclusivo.

BG: Qual a relação entre trufa e brasilidade?
MLD: Eu diria que as trufas trazem "suas letras de nobreza" a certos produtos, infelizmente e injustamente ignorados, em certas mesas de Alta Gastronomia, como: a abóbora, o cará, um simples caldo, cortes de carne de segunda, endívias (apesar de não serem brasileiras, produz-se no Brasil) e até peixes como o tamboril (peixe-sapo) ou a trilha (que na França chamamos de "caça do mar").

BG: Enquanto chef, qual característica da trufa mais lhe atrai?
MLD: A minha sensação favorita em relação às trufas é, claro, o cheiro de fungo, que traz para a mesa a essência do solo, a origem e a história.
Gosto muito também da sua textura fácil de quebrar e esponjosa, mas ao mesmo tempo prática de cortar (talvez por causa da fermentação no subsolo). Enfim, seu formato às vezes quase perfeito e às vezes insubstituível em algumas apresentações.

Marc Le Dantec ministrará, ao lado do chef taliano Claudio Savitar, um dos maiores produtores de trufa na região da Toscana - Itália, a aula "Trufas Negras e Brancas, Tradições e Brasilidade".